quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Deixemos a Humanidade à Sua Ordem Natural


Não aleijemos a pobre humanidade mais do que ela já está com tantas sacudidelas da direita para a esquerda e da esquerda para a direita, de cima para baixo e de baixo para cima. Do individualismo para o colectivismo e do colectivismo para o individualismo. Não sejamos tão crianças que queiramos levantar ao ar a esfera pretendendo agarrá-la apenas pelo hemisfério da direita ou apenas pelo da esquerda, ou apenas pelo hemisfério superior, porque a única maneira de agarrá-la bem tão-pouco é pôr-lhe as mãos por baixo, nem ainda abraçando-a com os dois braços e os dedos metidos uns nos outros para não deixar escapar as mãos e com o próprio peito do lado de cá a ajudar também; a única maneira de equilibrar a esfera no ar é deixá-la estar no ar como a pôs Deus Nosso Senhor, ás voltas à roda do sol, como a lua à roda de nós e assegurada contra todos os riscos dos disparates da humanidade.
Não temos mais remédio do que ir aprender tecnicamente como funcionam estas coisas tão naturais!
O Mundo da Natureza é o modelo dos modelos de todas as maquinarias, porque não havemos então de acertar também o mundo social no seu próprio funcionamento como todas as outras máquinas do mundo?

Almada Negreiros, in "Ensaios"

Sonho

Ás vezes queremos voar e cortam nos as asas... tornam tudo tão mais difícil, queremos ir mais longe mas as coisas fogem nos das mãos numa questão de segundos... Mundo agitado este!! Temos tanta vontade de viver que por vezes fazemos tudo a correr... Sinto me tão pequenina neste mundo imenso...tanta coisa para aprender...tanta coisa acontecer... o que sou eu aqui? uma partícula minúscula capaz de sentir um turbilhão de sentimentos como todas as outras partículas que constituem este todo a que chamamos de mundo e posso dizer que o meu maior sonho é conhece-lo não digo propriamente todo mas uma grande parte dele sim...
Acho que sinto essa vontade porque nunca me senti como parte de um sitio especifico do mundo mas sim do todo pelo qual ele é constituído... É como me sentir que não pertenço a lado nenhum porque pertenço a todo o lado... Sempre me imaginei de mochila ás costas a viajar pelo mundo inteiro... a conhece-lo a conhecer me a mim também... Sei que as coisas que podemos descobrir são infindáveis em relação a tudo o que nos rodeia e em relação aquilo que sentimos... e a ideia de infinito traz me muita curiosidade... no meu interior mais intimo e sonhador sei que não vejo limites... não os quero ver... Sinto o grito do mundo chamar me para ir... em busca de quê não sei bem... apenas ir... e sei que se aos poucos o fizer a evolução vai continuar acontecer dentro de mim... Quero me descobrir, quem diz que já conhece de si tudo que tem para conhecer parece me que está enganado...ou com certeza será a alma mais sábia...=)*